A Apaixonarte tem o prazer de apresentar “Debaixo do teu nariz”, uma exposição individual de Rita Ravasco.
A inauguração com a presença da artista está marcada, para dia 15 de Junho, a partir das 18h00. A exposição estará patente até dia 14 de Julho.
Esta exposição conta com o apoio da Mercearia do Vinho.
Entrada Livre.
SINOPSE
“Debaixo do teu nariz” é uma mostra de imagens evocativas de experiências da vida real. Uma fusão entre mensagens codificadas ou que descodificam uma realidade muitas vezes ignorada, desvalorizada ou desconhecida – ideias que vamos adquirindo com o nosso crescimento e muitas das vezes não questionamos o “porquê” ou se há outra forma de conseguir o mesmo resultado. Pensamos apenas no “sempre foi assim” e continuamos no conforto do caminho mais fácil, assistindo e acompanhando a nossa evolução deste modo.
Sempre que respiramos, o mundo continua a evoluir. Adormecemos e acordamos sempre com alguma novidade, um passo novo. Nesta esquizofrenia de constante crescimento, é-nos apresentado, de forma colorida e mágica, todo esse grandioso resultado de evolução, em resposta às nossas sensibilidades ou necessidades.
Começamos desde cedo a responder às nossas sensibilidades e necessidades. O primeiro contacto com o mundo exterior surge quando através da nossa mãe, existe fornecimento de nutrientes e oxigénio. É nesse momento que respondemos às nossas primeiras necessidades. Comer e beber são as nossas primeiras trocas. Tudo surge de trocas e ausências- para comer uma maçã, crias a ausência no ramo da macieira; abres o invólucro da pastilha, mascas e matas a pastilha- crias um novo vazio, uma nova falta de utilidade – o invólucro que perde a sua utilidade e a pastilha que acabaste de matar.
Ao responder a uma sensibilidade, crias uma nova dimensão. A arte é o transporte para a inovação.
Ao responderes às tuas sensibilidades, contribuis para o desenvolvimento de um novo mercado, um gosto em comum que partilhas com outros tantos indivíduos no mundo inteiro – como o coleccionismo, música, desporto, tecnologia e a saúde, entre outros tantos caminhos que nos despertam interesses e nos levam à criação de algo novo, com base nas explorações exaustivas que fazemos das nossas sensibilidades (que por sua vez nos conduzem a uma nova falta e que em resposta, surge uma nova solução para preencher esse novo vazio que acabámos de criar).
Proponho que se viaje através de mundos imaginários, repletos de simbolismos e cores vibrantes, que nos apresentam realidades criadas através do paralelismo entre processos de criação com meios de produção digital e com a tradicional pintura e desenho.
Texto de Rita Ravasco
BIOGRAFIA
Quando penso no início do meu percurso artístico, no meu primeiro contacto com o universo criativo, as primeiras imagens que me surgem na memória são referências de infância, como: as clássicas canetas de feltro Molin (aquela deliciosa gama de cores que permitia dar vida aos desenhos e livros de colorir) e a plasticina, que possibilitava a construção de personagens imaginários.
Posso dizer que aos 5 anos de idade senti o meu primeiro “orgulho criativo”- esculpi um dinossauro amarelo fluorescente em plasticina, que não só acrescentou em mim algo mágico, como também despertou o interesse dos meus colegas de turma. Penso claramente que este terá sido o meu primeiro contacto com o universo artístico.
Durante todo o meu percurso escolar, sempre tive a tendência para as artes. Todos os meus livros e cadernos estavam repletos de desenhos, mesmo quando não era permitido fazê-los.
Aos 13 anos, por necessidade, construí o meu primeiro diário gráfico, que apresentava as primeiras tentativas sérias de desenho. Até hoje, o diário gráfico é uma ferramenta fundamental no meu trabalho.
A minha infância e o local onde cresci são também, sem dúvida, pontos relevantes para o que faço actualmente. Crescer no Alentejo, mais precisamente em Mourão, permitiu-me desenvolver um olhar atento sobre o que está à minha volta. Ofereceu-me também uma forte ligação com a natureza, especialmente com os animais (que surgem muitas vezes nas minhas peças).
Aos 16 anos comecei as minhas primeiras buscas de expressão, quando fui estudar para a Escola Secundária Santa Maria em Portela de Sintra.
Em 2010, iniciei a licenciatura no curso de Artes Plásticas- Pintura Intermédia- no Instituto Politécnico de Tomar. Este ingresso foi importante para o desenvolvimento de novos conceitos e formas de observar e explorar o que havia ao dispor.
Quando terminei a licenciatura, não sabia exactamente o que iria fazer com tudo o que tinha apreendido- comecei por não me associar a nenhum registo e a nenhuma forma de expressão. Nesse momento, de tanta informação, senti uma loucura quase que esquizofrénica, em que testava várias coisas no universo artístico: desenhos, vídeo, fotografia, ato-motion, pintura, colega, composições com objectos, meios digitais aliados à pintura. Todo este material foi publicado nas redes sociais. Esta fase foi muito relevante para mim, fez-me perceber que na arte é importante existir diversão na busca, tentativa e erro, no testar até ao limite, procurar algo mesmo que não se saiba o que realmente se procura.
Durante as publicações de material nas redes sociais, em 2015, participei no concurso de Ilustração Contemporânea Portuguesa, no qual fiquei em primeiro lugar com o tema “Passagens”. No mesmo ano, surgiu um convite para criar ilustrações para a revista Sábado. Foi nesse momento que tive a percepção de que o meu trabalho já estava a ganhar alguma maturidade.
A procura e interesse no meu trabalho continuou a aumentar e a busca estava a tornar-se cada vez mais associada à exploração dos meios digitais em conjunto com a pintura- estudo de cor e temas centrados em pessoas e tudo o que representam, animais e natureza. Nessa altura surgiu também o interesse da pintura de mural, interesse esse que tem crescido e tenho vindo a desenvolver.
Neste momento, estou focada em explorar este processo que permite ter versatilidade nos resultados que apresento- criando harmonia entre o pincel e o mundo da pintura digital. Tiro partido da criação digital, um trabalho mais detalhado e limpo, crio reproduções da mesma versão em murais e crio também de uma forma mais completa, uma fusão entre o digital impresso em papel e a pintura em acrílico e o riscado do desenho.
Texto de Rita Ravasco
