A Apaixonarte tem o prazer de apresentar TEIMOSAS ERVAS DANINHAS. Uma exposição individual de Rita Ravasco.
A inauguração com a presença da artista está marcada, dia 31 de Maio, a partir das 18h.
A exposição ficará patente até dia 29 de Junho.
Entrada livre.
SINOPSE
Rita Ravasco é uma artista plástica de 30 anos que trocou as planícies alentejanas pelas colinas de Lisboa. Explora várias áreas, desde a pintura aos murais, do stop motion à criação de brinquedos. Dona de um sentido de justiça muito apurado, não consegue ficar indiferente aos problemas actuais da nossa sociedade.
Esta exposição é um passeio através de um jardim de fantasia. Uma projecção intensa de cores e formas, numa esquizofrénica montanha-russa que nos leva a viajar pelo universo de Rita. Tudo fluí pelos imensos pormenores, repletos de cores fortes e simbolismos, que preliminarmente nos remetem para um lugar seguro, bem no centro dos nossos sonhos de infância.
Mas, à medida que o nosso olhar vai caminhando por este jardim, começamos lentamente a afastar-nos do mundo perfeito e utópico e a entrar a paços largos na realidade crua e dura.
Esta realidade é habitada por uma sociedade que tenta ser mais justa, numa tentativa de reparar os erros do passado. Mas, no fim do dia, tropeça sempre numas teimosas ervas daninhas que travam o avanço.
Numa época em que o tempo passa mais rápido, o relógio já aperta o pulso e o mundo começa a girar mais depressa, é necessário descruzar os braços, limpar e proteger o jardim de todas as ervas daninhas que teimam em aparecer.
As peças de Rita representam uma constante batalha mágica entre o bem e o mal. Uma viagem no tempo através de produtos da cultura pop da sociedade de consumo imediato, com a passagem por cereais coloridos, soldadinhos de maquetas, cotonetes, fósforos e pipocas, por personagens desconhecidas e outras bem famosas. Tocando em assuntos como o consumismo, a poluição, os direitos dos animais e a sua extinção.
Uma boa dose de realidade mascarada com poesia visual, conseguida através da fusão dos pincéis com as técnicas digitais. Uma chamada de atenção à humanidade e ao seu futuro.
BIOGRAFIA
Quando penso no início do meu percurso artístico, no meu primeiro contacto com o universo criativo, as primeiras imagens que me surgem na memória são referências de infância, como: as clássicas canetas de feltro Molin (aquela deliciosa gama de cores que permitia dar vida aos desenhos e livros de colorir) e a plasticina, que possibilitava a construção de personagens imaginários.
Posso dizer que aos 5 anos de idade senti o meu primeiro “orgulho criativo”- esculpi um dinossauro amarelo fluorescente em plasticina, que não só acrescentou em mim algo mágico, como também despertou o interesse dos meus colegas de turma. Penso claramente que este terá sido o meu primeiro contacto com o universo artístico.
Durante todo o meu percurso escolar, sempre tive a tendência para as artes. Todos os meus livros e cadernos estavam repletos de desenhos, mesmo quando não era permitido fazê-los.
Aos 13 anos, por necessidade, construí o meu primeiro diário gráfico, que apresentava as primeiras tentativas sérias de desenho. Até hoje, o diário gráfico é uma ferramenta fundamental no meu trabalho.
A minha infância e o local onde cresci são também, sem dúvida, pontos relevantes para o que faço actualmente. Crescer no Alentejo, mais precisamente em Mourão, permitiu-me desenvolver um olhar atento sobre o que está à minha volta. Ofereceu-me também uma forte ligação com a natureza, especialmente com os animais (que surgem muitas vezes nas minhas peças).
Aos 16 anos comecei as minhas primeiras buscas de expressão, quando fui estudar para a Escola Secundária Santa Maria em Portela de Sintra.
Em 2010, iniciei a licenciatura no curso de Artes Plásticas- Pintura Intermédia- no Instituto Politécnico de Tomar. Este ingresso foi importante para o desenvolvimento de novos conceitos e formas de observar e explorar o que havia ao dispor.
Quando terminei a licenciatura, não sabia exactamente o que iria fazer com tudo o que tinha apreendido- comecei por não me associar a nenhum registo e a nenhuma forma de expressão. Nesse momento, de tanta informação, senti uma loucura quase que esquizofrénica, em que testava várias coisas no universo artístico: desenhos, vídeo, fotografia, ato-motion, pintura, colega, composições com objectos, meios digitais aliados à pintura. Todo este material foi publicado nas redes sociais. Esta fase foi muito relevante para mim, fez-me perceber que na arte é importante existir diversão na busca, tentativa e erro, no testar até ao limite, procurar algo mesmo que não se saiba o que realmente se procura.
Durante as publicações de material nas redes sociais, em 2015, participei no concurso de Ilustração Contemporânea Portuguesa, no qual fiquei em primeiro lugar com o tema “Passagens”. No mesmo ano, surgiu um convite para criar ilustrações para a revista Sábado. Foi nesse momento que tive a percepção de que o meu trabalho já estava a ganhar alguma maturidade.
A procura e interesse no meu trabalho continuou a aumentar e a busca estava a tornar-se cada vez mais associada à exploração dos meios digitais em conjunto com a pintura- estudo de cor e temas centrados em pessoas e tudo o que representam, animais e natureza. Nessa altura surgiu também o interesse da pintura de mural, interesse esse que tem crescido e tenho vindo a desenvolver.
Neste momento, estou focada em explorar este processo que permite ter versatilidade nos resultados que apresento- criando harmonia entre o pincel e o mundo da pintura digital. Tiro partido da criação digital, um trabalho mais detalhado e limpo, crio reproduções da mesma versão em murais e crio também de uma forma mais completa, uma fusão entre o digital impresso em papel e a pintura em acrílico e o riscado do desenho.
Texto de Rita Ravasco